Período
Arcaico é o nome que se dá a época em que
ocorreu o desenvolvimento cultural, político e social, situado entre c. 700 a.C. e 500 a.C.
Nesta fase observa-se os primeiros avanços significativos para a ascensão da democracia e observa-se
também uma revitalização da linguagem escrita.
Um dos fenômenos mais importantes do Período Arcaico foi o da
colonização, que espalhou os gregos um pouco por toda a área costeira da bacia
do Mar Mediterrâneo e do Mar
Negro.
Os motivos que geraram estes fenômenos foram variados. Entres
eles podemos destacar o excesso populacional, as dificuldades da pólis[1] em
alimentar a sua população após um período de seca ou de chuvas torrenciais, os
interesses comerciais ou a simples curiosidade e espírito aventureiro.
A colonização grega obedecia a um planejamento preciso, que
implicava, para além da escolha do local que seria colonizado, a nomeação do
comandante da expedição (o oikistes)
que seria responsável pela conquista do território e que o governaria a colônia
(apoika, "residência distante") como rei ou governador. Antes de
partir com a sua expedição, o oikistes consultava o Oráculo de Apolo em Delfos, que
aprovava o local sugerido ou propunha outro. O deus Apolo encontrou-se assim
associado à colonização e muitas colônias na Ilíria, Trácia, Líbia e Palestina
recebem o nome Apolónia em sua honra. Os colonizadores levavam da cidade mãe -
a metrópole - o fogo sagrado e os elementos
culturais e políticos desta, como o dialeto, o alfabeto, os cultos e o
calendário. Por vezes as colônias recebiam o direito de fundar outras colônias.
Uma das primeiras colonizações deste período data de 775
a.C., tendo sido uma iniciativa de gregos da cidades de Cálcis e Erétria que
partem para a ilha de Ischia na baía de Nápoles. Na década de 30 do
século VIII estão documentadas as fundações de colônias na Sicília: Naxos e Messina (por Cálcis) e Siracusa (por Corinto)
As costas do Mar Negro foram colonizadas essencialmente pela
pólis de Mileto. De Megara partem
colonos que fundam em 667 a.C. a cidade de Bizâncio.A
colonização grega deve ser entendida de uma forma diferente da colonização
realizada pelos Europeus na Idade Moderna e Contemporânea, na medida em que a
colônia não tinha qualquer tipo de dependência política e econômica em relação
à metrópole. Entre a metrópole e a colônia existiam laços cordiais (era por
exemplo chocante que ocorresse uma guerra entre as duas), mas os gregos que
partiam para uma colônia perdiam a cidadania que detinham na cidade de onde
eram oriundos.
Comércio: Uma das consequências da colonização foi o desenvolvimento
do comércio, não apenas entre colônia e metrópole, mas entre as colônias e
outros locais do Mediterrâneo. Até então o comércio não era uma atividade
econômica própria, mas uma atividade subsidiária da agricultura. Algumas
colônias funcionam essencialmente como locais para a prática do comércio e sem
um estatuto político: os empórios.
O incremento da atividade comercial gerou, por sua vez, o
fomento da indústria. Neste setor destaca-se a produção da cerâmica, sendo
famosos os vasos de Corinto e de Atenas, que se tornaram os principais objetos
de exportação. No último quartel do século VII a.C. ocorreu o aparecimento na
Lídia da moeda, que se espalhou lentamente por toda a Grécia.
Acrópole Ateniense |
Transformações Sociais e
Políticas: Por volta de
750 a.C houve um substancial aumento da população, em grande parte devido ao
aumento do rendimento da atividade agrícola. Com a pressão demográfica, entre
outros fatores, como já mncionamos, muitos cidadãos deixaram suas cidades de
origem e fundaram numerosas apoikias,
"lares distantes". Com isso, o modo de vida grego se expandiu por
toda a costa do Mediterrâneo e do Mar Negro.
O desenvolvimento do comércio, impulsionado em grande parte
pela retomada dos contatos com a Ásia Ocidental, e mais as numerosas guerras
locais, criaram novos estratos sociais. Com o tempo, a pressão sobre a classe
dominante, a dos grandes proprietários de terras, resultou em maior
participação de toda a comunidade na vida política da comunidade, e a pólis, cidade-estado influenciada por modelos orientais,
assumiu o formato definitivo.
Um florescimento cultural intenso acompanhou a prosperidade
das póleis: mais jogos pan-helênicos; estátuas de divindades
e templos monumentais em pedra para abrigá-las; os vasos de figuras negras e de figuras
vermelhas; a poesia lírica; a filosofia pré-socrática, para citar apenas os
exemplos mais significativos.
No final do período, porém, uma guerra entre as cidades
gregas independentes e o poderoso Império Persa iria mudar, para sempre, a
evolução política e cultural do mundo grego.
[1] A unidade política
básica na Grécia arcaica era a pólis (πόλις), geralmente traduzida como
cidade-estado. A própria palavra "política" (em grego, τα πολιτικά,
assuntos públicos ou assuntos do Estado) significa "assuntos da
pólis". Cada cidade era independente, ao menos em teoria. Algumas cidades
poderiam ser subordinadas a outras (como uma colônia tradicionalmente acedendo
à sua cidade-mãe), outras poderiam adotar formas de governo inteiramente
dependentes de outras cidades (os Trinta Tiranos de Atenas foram impostos por
Esparta ao fim da Guerra do Peloponeso), mas o título de poder supremo de cada
cidade encontrava-se nelas próprias.
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