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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Civilização Clássica (2) - Micenicos

Contemporaneamente ao florescimento da civilização cretense, entre 2000 e 1600 a.C, toda a Grécia continental e o Peloponeso foram invadidos por um povo indo-europeus[1], os aqueus  que absolveram totalmente os  naturais da região. Seu estabelecimento na Tessália, Beócia, Ática, Argólida e Messênia implicou uma rápida mudança do  modelo econômico-social seminômade a que estiveram ligados até então.
 A projeção natural da região para o Mediterrâneo e um judicioso aproveitamento dos recursos agrícolas logo levaram os príncipes de Iolco, Argos, Micenas, Tirinto e Pilos, o vértice da rígida pirâmide social aquéia, a orientar a notável capacidade produtiva de gêneros alimentícios, mas sobretudo de objetos manufaturados de ouro e bronze, tecidos e cerâmica, para uma rede de comércio que mercadores empreendedores estabeleceram em pouco tempo em todo o Egeu e em todo o mediterrâneo oriental.
Os micênicos, assim conhecidos devido as descobertas em fins do século XIX por parte de  Heinrich Schliemann, da relevância de Micenas, aparecem como uma sociedade de modelo político-social fortemente centralizada enquadrada numa dualidade: grandes propriedades territoriais e artesanato empreendedor unidos a uma especializada marinha mercantil.
Em toda cidade-estado identificável com um palácio fortificado e uma "cidade" cercada de muralhas megalíticas, havia, no vértice da pirâmide social, o wánax, soberano absoluto, expressão de uma aristocracia guerreira e feudal, depositária de notáveis riquezas imobiliárias; a  ela se unia um comandante militar - iawaghetas.
A economia micênica se baseava na agricultura e na criação de gado, mas a produção de azeite, linho e lã favoreceu o desenvolvimento de um florescente artesanato cosmético e têxtil. Junto com esta atividade, em fins do século XVI a.C, o artesanato micênico criou grande quantidade de obras de ouro e bronze controladas diretamente pelos palácios, que proporcionavma às oficinas o cobre das minas de Chipre e o estanho da Europa central e ocidental.
Na fase mais avançada da história micênica (séculos XIV-XIII a.C) observa-se um impulso expansionista comercial em todo o Mediterrâneo, sobretudo no ocidental. O nível de bem-estar e poder alcançado nesta fase é atestado pela expansão das muralhas de alguns centros, como Micenas e Tirinto, e sobretudo pelo surgimento de uma política de destruição da realidade contendora e de controle dos pontos geográficos chaves do Mediterrâneo através da guerra.  Exemplos deste período expansionista foram a conquistada da ilha de Creta (c. 1450 a.C.) e a ação dos aqueus de toda a Grécia contra os frígios de Tróia, criadores de um poderoso reino que controlava o estreito dos Dardanelos, ponto de passagem estratégico entre o mar Egeu e o mar Negro, onde havia ricas regiões mineiras e enormes planícies cultiváveis. Desencadeada por volta de 1250 a.C e terminada com êxito, a Guerra de Tróia foi fruto de uma excepcional coalizão das mais poderosas cidades aquéias, mas significou  também o último resplendor de uma civilização destinada a apagar-se logo.

A invasão mediterrânea dos dórios, o bloqueio do comércio em que se baseava a economia micênica, o ataque e destruição de todas as principais fortalezas, exemplificada pelo encolhimento demográfico, empobrecimento material e cultural, abandono dos centros habitados, assinalaram fim desta civilização.   


[1] Dá-se o nome de povos indo-europeus a um conjunto vasto de grupos humanos que falam um dos numerosos idiomas relacionados com o sânscrito, tais como: o indo-ariano, o iraniano, o armênio, o helênico, o italo-celta, o germânico e o eslavo. Estes povos influenciaram a constituição dos grupos humanos numa vastíssima região desde o subcontinente indiano (onde estão na origem, entre outros, dos Brâmanes) até aos confins da Europa, Ásia Menor e Médio Oriente. Na Grécia estão na base da formação de grupos como os Aqueus, Eólios e Jônios.

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